Depressão e Ansiedade Podem Acontecer Juntas?
Postado em: 02/06/2025
Embora sejam condições distintas, com causas e manifestações próprias, a coexistência entre Depressão e Ansiedade é mais comum do que se imagina.
Essa associação pode tornar o quadro mais complexo e exige atenção cuidadosa tanto na identificação quanto no tratamento.
A seguir, entenda mais sobre a possível relação entre ansiedade e depressão!
Como depressão e ansiedade se manifestam?
A depressão pode se manifestar de diferentes formas, sendo comum um padrão de tristeza persistente, perda de interesse pelas atividades, falta de energia, alterações no sono ou no apetite, baixa autoestima e/ou sensação de inutilidade ou desesperança.
Em alguns casos, há presença de sintomas físicos como dores no corpo, fadiga intensa ou lentidão nos movimentos.
A condição também pode se manifestar por sinais menos conhecidos, podendo haver depressão mesmo sem a sensação de tristeza.
Ela pode se manifestar, por exemplo, por meio de irritabilidade, dores difusas no corpo, problemas digestivos, sentimentos ou pensamentos de culpa, apatia ou sinais cognitivos, como dificuldade de concentração e falhas de memória.
Já a ansiedade muitas vezes se expressa por meio de preocupação excessiva, inquietação, sensação de tensão, aceleração dos batimentos cardíacos, respiração ofegante, dificuldade de concentração ou pensamentos recorrentes de catástrofe ou fracasso iminente.
Pode haver também sintomas físicos como sudorese, tremores, tensão muscular ou desconforto gastrointestinal.
Apesar dessas diferenças, pode haver muitas sobreposições entre os sintomas, como alterações no sono, dificuldade de concentração e impacto na rotina.
A ansiedade, inclusive, pode ser uma forma de manifestação da depressão.
Por isso, os sinais podem confundir tanto o paciente quanto os profissionais menos experientes.
Por que essas condições podem ocorrer juntas?
A relação entre “Depressão e Ansiedade“ é multifatorial. Diversos fatores podem contribuir para que essas condições se instalem ao mesmo tempo, como por exemplo:
- Predisposição genética.
- Histórico familiar de transtornos emocionais.
- Vivências traumáticas ou prolongadas de estresse.
- Desequilíbrios neuroquímicos no cérebro.
- Estilo de vida com excesso de cobrança, sono irregular ou isolamento social.
Além disso, um quadro ansioso não tratado pode evoluir para depressão. Da mesma forma, alguém que enfrenta depressão por longos períodos pode desenvolver sintomas ansiosos.
Como identificar a presença de depressão e ansiedade?
Muitas pessoas convivem com os dois transtornos sem perceber.
A dificuldade em identificar que se trata de um quadro combinado está no fato de que os sintomas se alternam ou se sobrepõem, mascarando a real extensão do sofrimento.
Alguns indícios de que depressão e ansiedade estão presentes ao mesmo tempo podem ser, por exemplo:
- Sensação de constante alerta e, ao mesmo tempo, cansaço intenso.
- Dificuldade para relaxar, mesmo sentindo desânimo e falta de interesse.
- Medo de viver e, ao mesmo tempo, sensação de vazio e desesperança.
- Preocupação intensa com o futuro, misturada à convicção de que nada vale a pena.
É fundamental buscar orientação profissional para confirmar o que está acontecendo e descobrir as melhores formas para obter melhora.
Qual a importância do tratamento combinado para depressão e ansiedade?
O tratamento de quadros mistos deve considerar a presença simultânea de sintomas depressivos e ansiosos, o que pede uma abordagem ampla e integrada.
Entre as possibilidades terapêuticas, destacam-se, por exemplo:
- Acompanhamento psiquiátrico, para avaliar a necessidade de medicamentos que atuem tanto nos sintomas depressivos quanto ansiosos.
- Psicoterapia, que tem papel central na compreensão dos fatores que mantêm o sofrimento e no desenvolvimento de estratégias para lidar com os pensamentos, emoções e comportamentos prejudiciais. A terapia é um espaço seguro, de escuta, apoio e reconstrução emocional. É possível encontrar uma forma de atendimento que respeite o ritmo e as necessidades de cada pessoa.
- Abordagens neurológicas, como a neuroestimulação, que consistem em procedimentos voltados para estímulos cerebrais relacionados à depressão e à ansiedade.
- Infusão de cetamina junto a profissionais qualificados, que pode contribuir para casos de depressão e ansiedade resistentes à medicação, por exemplo.
- Terapias complementares, como técnicas de relaxamento, atividade física regular, higiene do sono e mudanças na alimentação, que ajudam a fortalecer o tratamento principal e a promover o bem-estar global.
Com o tratamento adequado, é possível aliviar os sintomas, recuperar o equilíbrio emocional e resgatar o prazer pela vida, mesmo diante de um quadro de depressão e ansiedade. O mais importante é saber que existe ajuda disponível e caminhos possíveis para se sentir melhor.
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Christina Fornazari
Psiquiatra
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